Localização: Rua Apa, 236, esquina com a Avenida São João.
Construído em: 1912
De todos os imóveis históricos abandonados da cidade de São Paulo, talvez nenhum outro desperte tanta atenção e curiosidade das pessoas como o célebre Castelinho da Rua Apa, palco em 12 de maio de 1937, de um dos crimes mais marcantes e enigmáticos da história do Brasil moderno.
Foi nesta data, que após uma discussão séria os irmãos Armando e Álvaro chegaram às vias de fato e trocaram tiros. Poucos minutos antes da tragédia ocorrer, a mãe, Maria Cândida dos Reis, teria surgido para apartar a discussão de ambos, que estavam apontando revólveres um para o outro. Foi ai que a troca de tiros iniciou-se e os três acabaram por falecer no local.
À época, a rápida apuração das autoridades policiais teria levantado suspeitas se os irmãos teriam realmente um matado o outro ou se o assassinato havia sido encomendado. O posicionamento dos corpos de Armando e Álvaro teria sido um dos principais combustíveis para que muitos achassem que os irmãos e a mãe teriam sido, na verdade, vítimas de um triplo homicídio.
Após anos de polêmica, em um caso em que os herdeiros diretos haviam todos falecido na mesma tragédia, uma nova lei federal sobre heranças, promulgada pelo então Presidente da República, Getúlio Vargas, iria impedir que parentes de segundo ou terceiro grau herdassem o castelinho. Assim, o castelinho (e outros imóveis sem herdeiros em situações semelhantes) seriam repassados ao governo federal. Anos mais tarde esta lei seria revogada, mas parentes de Dona Maria Cândida e dos irmãos Armando e Álvaro jamais iriam conseguir retomar o imóvel que ficaria nas mãos do INSS (e ainda permanece), órgão famoso por não preservar ou recuperar bens históricos em seu poder.
Com este impasse o imóvel sempre foi impedido de ser recuperado. Com o tempo, a fama de assombrado começou a acompanhar o local, e os anos de abandono e degradação ajudaram e muito a propagar essa fama que não passa de uma lenda.
Atualmente, embora ainda pertença ao INSS, o Castelinho está sendo administrado pelo Clube das Mães do Brasil que ocupa um imóvel anexo ao lado. A instituição já possui um excelente projeto de restauro do local e o castelinho já está inclusive coberto, entretanto, a obra aguarda patrocinadores e incentivos para seguir adiante. As sólidas estruturas da construção são os principais aliados do imóvel, que está há pelo menos 70 anos sem manutenção e resistindo bravamente.
Por mais que alguns digam que seja uma lenda outros dizem que depois disso todas as pessoas que tentaram passar a noite dentro do castelinho disseram ouvir vozes e barulhos estranhos.
Um comediante de renome, Ankito (Anchinzes Pinto), morou no castelinho em 1944 e disse que era normal ouvir vozes, barulhos estranhos, pessoas na escada durante a noite, portas se abrindo, até encontrar torneiras abertas quando acordava, mas como dizia não ter medo, morou por um bom tempo lá. Depois uma família se mudou pra lá, e disse que também ouvia as mesmas coisas.
Será que realmente coisas estranhas acontecem no Castelinho?
Foto: Luiz Guarnieri/Futura Press